Já ouviste falar de networking milhares de vezes, sabes que é importante, que pode mudar a tua carreira e a tua vida para melhor. Provavelmente também já foste a diversos eventos de networking e partilhaste cartões. Deves até ter uma gaveta qualquer cheia de cartões de visita à espera de um dia em que venham a ser úteis, um dia que não vai chegar. Porque um cartão de visita de alguém com quem tu falaste 5 minutos há 3 meses ou 1 ano é tão relevante como ires ao Google pesquisar o serviço de que precisas e escolheres um qualquer que lá apareça. Aliás, a pesquisa no Google até deve ser mais útil, porque podes ver a classificação e avaliação de outras pessoas antes de escolheres.
Tu sabes que não é assim que se faz networking e queres melhorar as tuas capacidades nesse campo, por isso é que estás a ler este artigo. Já leste várias listas dos 5 ou 7 passos certos para fazeres networking com sucesso. As listas alimentam a nossa tendência natural de querer uma solução rápida para tudo. Dão-nos a impressão de que podemos criar “relações expresso” e obter benefícios depressa e, mesmo que não seja isso que lá diz, não lemos muito bem, porque estamos com pressa.
Além disso, criar uma rede de contactos soa a uma tarefa mecânica e repetitiva, que nos dá vontade de fazer uma checklist e ir marcando as pessoas que conhecemos, como se o trabalho estivesse feito no momento em que as conheces.
Os passos, regra geral, não diferem muito de umas listas para as outras: o objetivo é criar uma rede de contactos, não te foques no que tu queres, ouve ativamente mais do que falas, faz perguntas, ajuda os outros antes de lhes pedires ajuda, relaciona-te com pessoas dentro e fora do teu círculo profissional, envia um email de follow-up na semana seguinte, etc.
Tudo bons conselhos, mas nem sempre os mais práticos ou fáceis de implementar. Se és novo na arte de fazer networking, alguns destes passos podem parecer-te impossíveis ou mesmo ridículos, impraticáveis.
Acontecia o mesmo comigo, em especial em relação aos pontos: começar uma conversa com alguém que não conheço, ajudar os outros e enviar um email de follow-up. Ajudar os outros como?, pensava. Quem sou eu para ajudar um CEO de uma grande empresa, um marketeer com anos de experiência, um fotógrafo de renome? E enviar um email de follow-up? A dizer o quê? Foi um prazer conhecê-lo? Nunca recebi nenhum, tu já? Estas questões faziam-me muita confusão e dediquei-me a pesquisar mais e mais até encontrar uma resposta que me fizesse sentido. Não foi fácil, confesso. A maioria das publicações não vai além do “faz isto” e não explica como fazer.
Felizmente, encontrei este artigo da Hustle Summit com 26 formas como podes fazer networking ajudando os outros e, através dele, subitamente, todos os artigos que tinha lido sobre networking passaram a fazer muito mais sentido. Aquelas frases feitas, como: criar um relacionamento com outra pessoa, tornaram-se reais. E percebi que ajudar os outros pode ser muito mais simples do que pensava, como poderás ver, mais à frente neste artigo.
Passando então às minhas 3 questões principais:
- Como falar com alguém que não conheço
- Como ajudar essa pessoa
- O que dizer num email de follow-up
1. Como conhecer alguém novo
Quando conheces alguém novo, estás numa situação em comum com essa pessoa, seja num determinado evento ou na fila do supermercado. Esse ponto em comum dá-te um início de conversa fácil, podes falar sobre o evento, a organização, perguntar algo sobre o que a pessoa está a comer, beber ou comprar. Quebrar o gelo inicial com algo banal que interesse, mesmo que vagamente, a ambos.
Passado esse momento, a melhor maneira de fazeres a conversa continuar a fluir é fazeres perguntas à outra pessoa sobre ela próprias (as pessoas adoram falar sobre si e, quanto mais conseguires saber sobre a pessoa e o seu trabalho, mais fácil é arranjares tema de conversa e forma de a ajudar).
Não transformes a conversa num interrogatório, pergunta, ouve, comenta, deixa a conversa fluir. Supondo que simpatizaram um com o outro, pede o cartão de visita à pessoa para que possam manter contacto.
Se precisares de mais dicas para começares a fazer networking, mesmo sendo tímido, lê este artigo da Cio, com 17 dicas para pessoas tímidas fazerem networking.
Agora que já conheceste a pessoa e ficaste com o seu contacto, anota as informações que te parecerem relevantes, assim que possível, para ser mais fácil passar à segunda parte.
2. Ajudar o teu novo conhecido
Ajudar outra pessoa não tem de ser complicado. Podes fazer coisas tão simples como:
- Recomendá-la a alguém ou recomendar-lhe alguém
- Partilhar artigos, posts, pedidos de emprego ou currículos que lhe possam ser relevantes
- Partilhar alguns dos seus posts nas redes sociais
- Escrever sobre o seu trabalho ou projeto no teu blog
- Escrever uma recomendação no Linkedin
- Convidar a pessoa para um café ou para falar num evento que vais organizar.
Todas estas são formas de ajudar e de manter contacto ao longo do tempo. Não as faças todas de uma vez, vai construindo a vossa relação. Ao fazeres estas várias coisas, a pessoa vai sentir-se impelida a fazer algo por ti também, afinal, é assim que as amizades funcionam, não é?
3. Follow-up
Já não é preciso dizer mais nada em relação a este tópico, pois não? O follow-up que vais fazer vai ser enviar alguma informação que interesse à outra pessoa, como:
“No evento X, estivemos a falar sobre Y e encontrei Z que achei que te interessaria. O que achas disto e daquilo?” .
ou
“No evento X, disseste que estavas com problemas em Y, conheço a pessoa Z que te pode dar uma ajuda nisso, falei com ela e está disponível para um café, quando tens disponibilidade?” .
ou
“No evento X, disseste que trabalhavas em Y, gostava de falar mais sobre isso, para perceber se podemos colaborar no projeto Z. O que te parece?”.
Agora que o networking ficou reduzido a 3 passos simples para construir uma relação de amizade, tornou-se muito mais acessível e menos intimidante, não foi?
Concluímos então que, o networking não é algo rápido, não se trata de relacionamentos expresso e não podes pôr um visto na tua lista de tarefas depois de saíres de um evento de networking, porque nada está feito aí, está apenas a começar. Não vais mudar a tua vida depois de um ou de dez eventos de networking, nem tem a ver com conhecer o maior número de pessoas na menor quantidade de tempo. Os eventos abrem-te a porta para conhecer pessoas novas, mas se chegas ou não a conhecê-las e a criar algum tipo de relacionamento com elas, vai depender de ti. Os relacionamentos demoram tempo para se desenvolverem e exigem dedicação.
Como é para ti fazer networking? Dá a tua opinião nos comentários.